12 de ago. de 2006

Mãos e corpos

Janelas e cortinas fechadas, uma meia luz laranja, um cheirinho de incenso de sândalo, uma boa roupa de cama limpa, um belo parceiro a sua espera e ela, agora profundamente à vontade para fazer um strip-tease.

Vale lembrar de um pequeno espelho estrategicamente colocado à cabeceira da cama para que ela pudesse verificar tudo (esse tudo na verdade era só um pequeno pneu, acima dos quadris, que ela desejava que ficasse bem preso dentro da sua nova lingerie um número menor do que habitualmente usava...)

Música envolvente e pronto. Peça a peça ela foi ficando nua. Via nos olhos de Ramon a sua satisfação e se encorajava. Via também os pneus ainda bem dentro da calcinha, que ela espertamente planejava tirar por ultimo, já com as luzes totalmente apagadas.

Ela era bastante envolvente. Tinha olhos atentos e mirava-os firmes nos olhos dele. Ao mesmo tempo estava atenta a todo resto para que nada soasse arrítmico. E assim foi.
Já nua (salvo a calcinha), apagou a luz e deitou-se na cama. Tirou a última peça e deixou que ele a tocasse. E ele enfim a sentiu.
Mas ele achou os pneus, ela tinha certeza.
Apalpou-os com mãos estranhas e as tirou rápido. Mas voltou a tocá-los como que para conferi-los.

E foi o fim para ela. Tudo parecia falso a partir dali. Não foi feliz. Não gozou.
No dia seguinte: duas horas de esteira, drenagem linfática, duas horas de spinning. E assim seguiu por três intermináveis semanas (isso sem mencionar uma horrorosa dieta e duas consultas com um cirurgião plástico que, estranhamente, não achou os pneus na sua cintura).
Estava novamente preparada.

Foram jantar num restaurante famoso da cidade, tomaram um bom vinho, divertiram-se.
Na volta para casa o desejo foi maior e tudo aconteceu ali mesmo no carro.É bem verdade que ele só levantou seu vestido...Ela não lembrou dos pneus que ele provavelmente nem notou também.
Nunca sentiu tanto prazer.
Mas sentiu ele tocar seus seios com aquelas mesmas mãos estranhas e pronto. Eles estavam caídos, concluiu.

Definitivamente era hora de uma nova visita ao cirurgião plástico. Mas ia escolher outro, porque o antigo não lhe parecera muito confiável...

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