Ele simplesmente não suportava ser tão lindo. Desde criança sofria com aqueles elogios freqüentes. Era o verde dos olhos, o mel dos cabelos, os cachos, o corpo sempre bem torneado, as mãos delicadas, a boca delineada, tudo um monte de coisa perfeita imperfeitamente encaixadas numa pessoa que só queria passar despercebida.
A mãe bem que tentou fazer do filho um prodígio. Sessões de fotos intermináveis, beliscões na bochecha rosada, mas dele brotou um estranho interesse por livros.
Ele até se achava bem bonitinho, mas queria não o ser. Pelo menos em grande parte do tempo.
Aos doze anos queria ser lixeiro, garoto esquisito, dizia a avó. Foi se escondendo atrás da imensa cabeleira que deixou cair-lhe pelos ombros numa sublime intenção de descaso, mas era só alguém achar-lhe os olhos e novamente tudo começava.
Quis gostar de rock, quis gostar de choro, quis ser da Lapa, da boemia. Mas então era alguém achar-lhe os lábios, depois o corpo, depois as mãos cerradas numa viola. E da arte que intencionava mostrar via-se só a moldura, nada mais.
Aos dezoito não pôde mais fugir e virou capa de revista. Aos dezenove conheceu Milão, Tóquio.
Mas de dentro dele alguma coisa feia queria brotar, alguma coisa que soasse tão estranho quanto o desejo de mostrar algo que não lhe fosse naturalmente tão perfeito. Mas quanto mais deixava se levar pelo acaso mais era etéreo .
Desejou então fazer o contrário. Desejou dedicar-se tão intensamente àquilo a ponto de tornar intencional tanta beleza. Mas não foi assim. Dos novos cuidados agora reluziam a pele, o trato, o visual. E aos vinte já tinha figurado em dez das dez revistas mais famosas do mundo. Para piorar, era agora milionário.
Viu o mundo se afundando numa feiúra tão linda que sentiu inveja.
Viu guerra, viu morte, violência, medo.
Viu pobreza, tristeza, e mais uma imensidão de desejos seus.
A única dor que sentia era a de estar condenado à perfeição.
O tempo passou e ele viu-se humano ao completar vinte e nove. O espelho mostrou uma ruga em seu rosto!
E quando os jornais o condenaram ao fracasso, ele obteve seu maior sucesso.
Doou seu dinheiro, mudou-se para uma fazenda, cultiva cenouras, é feliz.
A mãe bem que tentou fazer do filho um prodígio. Sessões de fotos intermináveis, beliscões na bochecha rosada, mas dele brotou um estranho interesse por livros.
Ele até se achava bem bonitinho, mas queria não o ser. Pelo menos em grande parte do tempo.
Aos doze anos queria ser lixeiro, garoto esquisito, dizia a avó. Foi se escondendo atrás da imensa cabeleira que deixou cair-lhe pelos ombros numa sublime intenção de descaso, mas era só alguém achar-lhe os olhos e novamente tudo começava.
Quis gostar de rock, quis gostar de choro, quis ser da Lapa, da boemia. Mas então era alguém achar-lhe os lábios, depois o corpo, depois as mãos cerradas numa viola. E da arte que intencionava mostrar via-se só a moldura, nada mais.
Aos dezoito não pôde mais fugir e virou capa de revista. Aos dezenove conheceu Milão, Tóquio.
Mas de dentro dele alguma coisa feia queria brotar, alguma coisa que soasse tão estranho quanto o desejo de mostrar algo que não lhe fosse naturalmente tão perfeito. Mas quanto mais deixava se levar pelo acaso mais era etéreo .
Desejou então fazer o contrário. Desejou dedicar-se tão intensamente àquilo a ponto de tornar intencional tanta beleza. Mas não foi assim. Dos novos cuidados agora reluziam a pele, o trato, o visual. E aos vinte já tinha figurado em dez das dez revistas mais famosas do mundo. Para piorar, era agora milionário.
Viu o mundo se afundando numa feiúra tão linda que sentiu inveja.
Viu guerra, viu morte, violência, medo.
Viu pobreza, tristeza, e mais uma imensidão de desejos seus.
A única dor que sentia era a de estar condenado à perfeição.
O tempo passou e ele viu-se humano ao completar vinte e nove. O espelho mostrou uma ruga em seu rosto!
E quando os jornais o condenaram ao fracasso, ele obteve seu maior sucesso.
Doou seu dinheiro, mudou-se para uma fazenda, cultiva cenouras, é feliz.
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