O olhor vê o que quer ver.
É isso. Hoje não quero mais pedir licença. Estou cansado de pedir desculpas até quando não faço.
Um amigo me chama de Janete Clair, diz que em tudo vejo uma história, uma sucessão de fatos fantásticos, vilões, mocinhos. Sou assim mesmo, pronto.
Gosto disso, das ilusões boas, dos encontros fantáticos, dos homens perfeitos, do filme imaginado, quadro a quadro, cena a cena, trilha musical, happy end. A fantasia é boa pra quem vive onde vivo, "a terra desencantada da falta desmedida de tudo" agoniza e faz doer, mas resisto.
Meu olho vê o que eu quero ver.
O cérebro maquina, contrói o cenário, chegam dois personagens, ambos reais (embora o segundo, coadjuvante, ainda tenha algumas características irreais). Dois homens, o coração dilacerado, um telefonema rápido, quase um tango. Final de tarde, o céu avermelhado, cheiro de fumaça no ar.
A cena corre, os personagens evoluem. O primeiro homem traz um ar confiante, o segundo acena. Agora é balé. Um terceiro personagem desdobra-se: atende o primeiro, retribui o aceno ao segundo, sorri, avermelha-se, como o céu.
Sem licenças, sem deslumbres apesar do filme ou de todo esse aparente delírio.
O bacana é saber voltar à tona quando é preciso. O bacana é saber separar aqueles dois homens, quando são reais.
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