O que ele imaginou encontrar quando chegou em casa?
Um cartão de Natal? Um recado na geladeira? Uma mensagem na secretária eletrônica?
Ele imaginou muitas coisas.
Só não imaginou não encontrar nada.
Já devia saber, tanto tempo de espera.
Mas foi traído pelo espírito natalino, pela proximidade do fim do ano, do início do outro.
No reencontro, a saudação não foi além de um frio abraço.
Mera formalidade.
Aquele gosto amargo na boca, velho conhecido gosto amargo.
Depois vieram as explicações à beira da cama. Ele desarmado, o outro duro.
O toque amigo na perna causou desconforto.
O outro não deseja mais ser tocado, ficou claro.
Ele insiste, abraça forte no final das amenidades.
O outro, atordoado, faz um carinho na cabeça dele.
Mas o carinho era só o atrito das mãos nos cabelos. Só.
No café da manhã, os amigos à mesa.
Quando o outro pronuncia o nome dele, diz em russo.
Ele não reconhece, ele não está convencido, ele acha até graça. Mas retira-se.
E quando retira-se, ouve o outro falando de novos (?) desejos sexuais e cavanhaques.
Um comentário:
Andou sumido. Como vai?
E quando aparece nos brinda com estas belas palavras. Não falta nada para entendê-las.
Talvez falte muito ainda para todos nós. Falta tanto que nem sei o que é.
Falta tanto que nem sei o que falar.
É isso.
Um grande abraço e feliz 2008!
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