23 de set. de 2009

Primavera


Eu não sei como começou.
Não recordo sequer a primeira vez que te vi.
Só sei que um dia, assim do nada, olhei pra você e aí parecia que todos os meus dias até então tinham sido cinzas. Porque você trouxe um amarelo diferente pros meus olhos e porque seu sorriso me encabula de tão brilhoso que é.
Nosso acordo não é perfeito e nem tem nome. Só tem cor mesmo. Cor, sabor e forma. É real embora ainda não exista de fato.
Você me toca cada vez mais e cada vez mais de perto e mais certeiro. E eu, aos poucos, aprendi a te segurar forte, mas sem apertar porque você já me disse que a sua pele é frágil.
Você e sua pele.
Agora você me toca cada vez mais nos lugares certos porque você desistiu de tentar acertar só nas feridas.

As vezes eu sinto uma vontade quase incontrolável de ir além, de dizer coisas, de falar que é mentira essa distância porque eu sinto sim, eu sinto isso sim e eu quero.
Mas eu tenho medo, não sou forte suficiente pra isso ainda.
Porque eu já sobrevivi a você uma vez e, sinceramente, não estou certo se conseguiria sobreviver novamente.