29 de jan. de 2008

Borboletas no estômago


Eu sinto borboletas no estômago.
Eu cruzo retas paralelas antes que cheguem ao infinito.
Eu desafio a física
Eu desafio a razão, a geografia, a tecnologia.
Porque?
Porque eu sinto borboletas no estômago.

Há um novo cenário
Há um ilustre desconhecido
Há tantas entrelinhas

Há vários novos atos
Atos inéditos
Inédita parceria
Há um céu azul por detrás do cinza.

Há uma nova composição
Letras escritas em pares
Segunda pessoa do plural
Apenas
Há uma melodia escrita a duas mãos

Você já parou pra pensar em quantos passos deu na vida?
Um dia - mesmo que seja em seu último brilho - você será achado
Valemo-nos do que temos!
Bom dia! O que há de bom hoje?
Desnudo-me e desabafo

Agora são dois! Felicidade em dobro
A margem não continua mais lá, é avenida principal
Algo bom irá acontecer
A palavra não mais deriva da raiva

E se percebesse agora que este discurso não tem fim?
Impossível qualquer controle sobre as emoções
Quero novos duetos para as velhas doces cantigas
Ao seu lado resolvi criar meu rancho
Mesmo em excesso não me cansarei de desejar

O que faço é lhe contar o que sinto nas entrelinhas
Quero seu sorriso, sua voz marota e seus abraços fortes

Talvez um pouco além do que imaginava

É assim que se cresce, é assim que se evolui?

Não sei

Insisto

Quero
Desejo tanto, tanto e tão simplesmente!

Reconheces?
Misturadas assim
Suas letras e meu encanto
Têm o tom exato,
fazem música,
inspiram cenários perfeitos.

Com borboletas,
no estômago.




26 de jan. de 2008

Ao ilustre desconhecido.



Dois...
Apenas dois.
Dois seres...
Dois objetos patéticos.
Cursos paralelos
Frente a frente...
...Sempre...
...A se olharem...
Pensar talvez:
“Paralelos que se encontram no infinito...”
No entanto sós por enquanto.
Eternamente dois apenas.
(Pablo Neruda)

23 de jan. de 2008

Paradoxo


Vivemos mesmo num constante paradoxo.
Enquanto você se esforça para chegar até as ruínas,
eu luto para deixá-las pra trás.



"Estou por assim dizer
vendo claramente o vazio.
E nem entendo aquilo que entendo:
pois estou infinitamente maior que eu mesma,
e não me alcanço."
Clarice Lispector



21 de jan. de 2008

Eu sou meu próprio vilão!


Eu sou meu próprio vilão.


Foi ontem, e eu entendi.
Segundo o dicionário, indivíduo desprezível, torpe.
Mais ainda, geralmente o vilão é uma figura ardilosa, que utiliza suas habilidades com a intenção de prejudicar alguém, normalmente o protagonista.

Mas eu também sou protagonista nesta história.

Explico já...
Em toda história que se preze, é de praxe que, para ter um final aceitável aos olhos do publico, o vilão tenha seu plano arruinado de forma heróica pelo personagem principal.
E foi aí que entendi, eu sou mesmo o vilão da minha própria história, esse romance fajuto.
Explico mais! A mim não restou o final feliz, a mim restou apenas ter meus planos arruinados de forma heróica pelo personagem principal (nesse caso, eu mesmo também).
Difícil de entender?
Não mesmo.
Se eu fosse tão somente o mocinho, não ficaria eu com as honras e méritos de ter derrotado o vilão? Não ficaria eu gozando do final feliz? Do amor correspondido sem medida? Das falhas todas perdoadas? Dos deslizes todos esquecidos?
Mas não, amigos...
A mim restou a derrota, amarga derrota. E quem é derrotado no final? O vilão, obviamente. Entendem a confusão?

Talvez essa história é que tenha saído um tanto quanto difícil demais. Talvez não houvesse mesmo maneira de se chegar ao final feliz. Talvez os outros personagens tenham dificultado a atuação do mocinho, talvez até tenham facilitado a ação do vilão – eu, em ambos os casos.
Talvez tudo isso não seja um filme, talvez seja um seriado. Talvez essa ainda seja a terceira de seis temporadas. Talvez seja necessário aguardar, dar espaço para o crescimento de outros personagens.
Talvez esse seja mesmo um filme, daqueles modernos, mocinho e vilão trocando o tempo todo de papéis, final feliz que nada, surpresa geral na platéia!

Talvez, e essa me parece a alternativa mais sensata, tudo isso nem tenha chegado a virar filme mesmo. Talvez não passe de um roteiro bobo, escrito à duas mãos, esquecido numa estante qualquer, esperando alguém que saiba dar um desfecho digno. E com final feliz.

9 de jan. de 2008

Devagar...



(Rodrigo Maranhão)

Devagar
Esquece o tempo lá de fora
Devagar
Esqueça a rima que for cara.

Escute o que vou lhe dizer
Um minuto de sua atenção
Com minha dor não se brinca
Já disse que não
Com minha dor não se brinca
Já disse que não.

Devagar, devagar com o andor
Teu santo é de barro e a fonte secou
Já não tens tanta verdade pra dizer
Nem tão pouco mais maldades pra fazer.

E se a dor é de saudade
E a saudade é de matar
Em meu peito a novidade
Vai enfim me libertar.


Devagar...