31 de mai. de 2006

O bem o mal (ou o bom e o mau, talvez...)


Essa imagem sempre me inquieta e hoje ela tem um significado maior ainda.
Se todo bem (bom) tem um pouco de mal (mau) e seu todo mau (mal) tem um pouco de bom (bem), então pra quê tanto nervosismo?!?!!?
E mais, o próprio símbolo, que sugere uma rotação, sugere também mudança, constante mudança...
Vamos ser assim, minha gente!
Há sempre a possibilidade de ser o "outro", o oposto, o diferente. Nada no mundo está definido, nada está determinado...
Não há lados, não há posições a serem seguidas ou copiadas.
O vilão, aquele mesmo da novela, malvadinho total, que mata, rouba, e que nunca chora, pode ser você hoje, ou amanhã. Mas sem esses extremos, a vida boa é aquela que segue às vezes morna - não há porque assutar-se com tamanha volubilidade.
Somos bem/mal ou bom/mau sempre. Só depende do dia, do humor, do interesse.
E, relaxem, é normal e humano.
" And i'm not sorry,
it´s human nature.
Ops! I didn't I know I could speak my mind..."
Human Nature, Madonna.

Os seriados americanos!


Pronto, descobri: a vida poderia ser como os seriados americanos.
Foi ontem mesmo, assistindo a um episódio de The O.C. que cheguei a essa conclusão bombástica e revolucionária.
É mais ou menos assim: nos seriados tudo é muito rápido e os problemas que surgem são resovidos, pasmem, no mesmo episódio. Tá, tudo bem, existem outros problemas “sérios” (como “com qual dos dois pretendentes – ambos lindos, sempre - a mocinha deve ficar”) que duram toda uma temporada, mas a gente não liga, por que sabe que vão acabar sendo resolvidos, uma hora ou outra.
Nos seriados todo mundo é lindo, bem vestido, com dentes tipo comercial de creme dental. Empregadas, garçons, seja lá quem for, todo mundo está sempre com a pele impecável, os cabelos bem cortados e cheios de amor pra dar. Quero ver se morassem no Rio e tivessem que pegar o 474 lotado todo dia de manhã! Desafio qualquer gel ultra-fixador ou creme “descontrator de rugas” a aguentar essa parada...
Nos seriados todo mundo é super inteligente e sabe soltar uma piadinha ou trocadilho na hora exata. E as piadas são sempre muito criativas, muito bem colocadas e mesmo quando consideradas pesadas e ofensivas, são tratadas com muita naturalidade. Já vi gente sendo chamado de gordo, de bicha, de pão-duro e responder com um sorriso do tipo: “ok, sua piada foi muito inteligente”. Até a mais burrinha das gostosonas ou o mais infantil dos garotos sempre tem uma gracinha para ser feita, sempre.
Nos seriados, que inveja (!), ninguém nunca tem problema com grana. O advogado ganha bem, a corretora ganha bem, a escritora ganha fortunas e o vendedor de carros então! Ganha o suficiente pra passar toda um temporada sem trabalhar e ainda assim comprar casa nova, carro novo e viajar (de primeira classe, quando ele não tem seu próprio jatinho...) para a Polinésia. Aquela empregada do comercial de creme dental até já reclamou algumas vezes, mora na periferia, os filhos estudam em colégios públicos, mas ela está lá: maquiada, bem vestida, andando de táxi pra cima e pra baixo e, no final da temporada, ainda dá em cima do patrão! Quando ela já não tem um caso com ele, lógico...
Nos seriados, e essa é a melhor, ninguém fala ao mesmo tempo que outra pessoa. Nem nas discussões, nem nas conversas de bar, nem nas festas, nunca! Todo mundo, educadamente, espera o outro acabar de falar e em seguida, rapidamente, fala, e assim sucessivamente... E quando é uma discussão entre marido e mulher, por exemplo? Eles podem até estar gritando, mas fazem isso educamente, um após o outro! E no final alguém sempre sai convencido de que falou e demais e, isso é preocupante, sempre pede desculpas ao outro. Agora me fala: é ou não é o paraíso?

Pra começar...

Segunda-feira

Hoje acordei assim, sem vontade nenhuma de ser objetivo.

O trabalho me invoca, me provoca, me instiga e intriga. E a cada página eu recuo, me fecho, me torno tão introspecto que nem pronuncio nada além do que há de mecânico em mim. Bom dia, digo. E soa bem, ninguém percebe.

No mp3 player só tocam músicas estranhas, mas sou eu quem as busco. Não quero nada inteligível, nada entendível. Quero sentir o embalo mas não entender as letras; quero só ouvir, mas aquele ouvir descomprometido. E se pudesse, sobreviver sem cérebro, sem assimilar nada, passar simplesmente, deixar passar, e só.

Tenho vontade de tanta coisa... Mas não tenho coragem pra nada, mas nem vou entrar nesse mérito. Aliás, nem sei o que me traz aqui.

Quero logo terminar isso, esse texto cheio de palavras. Voltar a fingir que sou eu, voltar a achar que amanhã é terça-feira, que já é quase quarta, que já é quase quinta, que é vespera de sexta, à tarde.

Tanta coisa acontecendo, gente entrando e saindo da sala o tempo todo, gente conversando, gente reclamando. Aliás, hoje não quero nem reclamar de nada. Acordei meio implicante, meio impaciente, ansioso por querer logo que chegue amanhã, depois de amanhã, mês que vem. Por que? Não tenho a menor idéia.

As pessoas falam de amor, as músicas falam de amor, as novelas falam de amor. Eu quero hoje é falar do desamor, do desânimo, do desdém. Quero falar de prefixos.

Quero falar do que vem antes, antes mesmo de começar a pensar sobre.E se é assim então, não quero falar de desamor, quero falar do pré-amor, quando não há nada ainda, nem vontade de entender.

Sou hoje o que escreve sobre essas pessoas que entraram aqui e saíram. Sou o que escreve sobre o que passa e ninguém nota. Sou hoje o que tenta enternizar o que não pode ser contado, enumerado, listado. Será que só eu percebo o quanto somos vazios? Será que só eu percebo o quanto somos prolixos e acabamos deixando para o final o que é mais importante?

E é assim que tem que ser: escrever sem revisar, sem voltar atrás, sem reler. Deixar que o pensamento organize;a linearidade é só uma arma para tornar tudo igual e hoje, hoje quero ser desigual, desunido, desnutrido de denotação.
E ao final, quando chegar o ponto que acaba, salvar e voltar para realidade nua e crua, com dicionários, googles e fluxogramas.

A vida é assim mesmo, é só segunda-feira. Dia chato e cinza - hoje particularmente é cinza mesmo, cheinho de nuvens de chuva.
E só segunda, amanhã passa, amanhã tudo fica colorido de novo.

Vou lá ler meu horóscopo, ele vai me dizer com tenho que ser hoje, e assim vou saber como começar.
Por isso escrevo antes, porque não sei ainda se estou de mal-humor ou se tenho que ter cuidado com as palavras. Não é horóscopo que deveria chamar, tinha mesmo é que ser 'manual'. Mas dever ser mais uma daquelas coisas que só percebo...
E não é que eu seja amargo, nem pense nisso! Ainda nem li meu horóscopo!!!