2 de fev. de 2009

Monólogo para um ator decadente

Fala 1/ Personagem 1


- Foi impressão minha ou você fez que sim com a cabeça entre a quarta e a quinta taça de vinho? Tá certo, o vinho é vagabundo, vai ver você já está ficando bêbado, sabe como é, dá uma tremedeira mesmo. Mais alguns 20 anos e talvez comece a entender um pouquinho de você.
Nossa! Você tá tão quieto hoje, fica aí com esse olhar vazio. Tá entediado? Pois é, eu falo demais mesmo.
Também, esse macarrão ta horrível né? Uma massaroca esquisita! Ai, será que você tá entalado? Quer que eu bata aí na suas costas?
Na verdade eu não entendi muito bem aquele seu “obrigado” da nossa última conversa. Você chegou a usar o presente? Funcionou? É que eu já tinha comprado antes de você decidir ir embora, aí sabe como é, resolvi deixar lá na sua mesa. Sabe o que é estranho? Aquelas últimas músicas que você me deu sumiram todas. E antes que você me pergunte eu não apaguei não, pelo menos não por querer. Você sabe que eu vivo brigando com o computador. Tentei até baixar algumas delas de novo, mas cara, não acho em lugar nenhum. Não agüento mais esse macarrão, chega.
Será que a gente pede mais um vinho? To ficando meio bêbado já. Tô achando que eu peguei meio pesado naquele último email que tem mandei, né? Você tá com uma cara péssima, tá chateado, né? Mas tenta entender, porra, fiquei muito chateado com a sua atitude, coisa feia mesmo.
Ah! Te contei aquela piada da loira usando o computador? Ih! Que foi? Não tá afim né? Já entendi, foi mal.
Era pra você sim o último texto do blog, a propósito. Você reconheceu, né? Sabe que ando em pânico com essa coisa do blog? Outro dia uma garota do trabalho disse que leu umas paradas, tenso isso né? Fiquei lendo e relendo tudo pra ver se tinha erro de português. Bad trip total...
Você tá mais forte né? Tá pegando pesado na academia? Te falei que voltei a malhar né? Quase trinta já, tá na hora de tomar vergonha na cara. Te falei, né? Porra, você não vai falar nada mesmo?
Não sei pra quê veio então...


Fim do primeiro ato.
(E, de fato, fim de tudo – o personagem 2 retira-se, mais mudo que nunca. É o fim da peça também.)

4 comentários:

J.Machado disse...

Blz Toni,
engraçado, coincidência demais...
leia lá o meu ultimo texto.
Eu ando falando com as paredes amigo.
Abração.

Ana Paula disse...

Fiquei muito tempo lendo seus textos... o tempo foi passando, passando e eu nem vi!!
Adorei tudo que li até agora, e pretendo voltar muitas vezes para não ver tempo passar.
Abraço.

Ana Paula disse...

Ai, eu tbm li e reli "Respire" umas quinze vezes. Aquilo parece ter parentesco com o meu DNA. Sempre um bom bar, sempre mais um copo...
Quanto ao "No ônibus", tbm adorei. Parece que o Fabio se deu bem com a bela Vanessa. Não foi assim com a estagiária... Paciencia! Nem preciso dizer que apesar de insólita, minha historinha é bem veridca... rss
Abraço.

Estilo Daniel Maicá disse...

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