14 de nov. de 2008

Tutti e Arisco

Quando eu era moleque, por volta dos 10 anos, ganhei dois pintinhos. Na verdade eu ganhei um e minha irmã, que devia ter uns 5 anos, ganhou outro.

Os danados dos bichinhos eram lindos demais! Me lembro até hoje do meu pai chegando em casa com uma caixa de sapatos toda furada e mostrando pra gente aquelas duas coisas amarelinhas encolhidas num canto da caixa!

Eles foram batizados de Tutti e Arisco, não me lembro bem o porquê.
A única coisa que lembro é que por um bom tempo aqueles dois pintinhos foram a diversão da casa. Até banho a gente dava. E eles eram super comportados.
Lembro que a gente colocava os dois bichinhos em cima do skate, amarrava um barbante e saía puxando pela rua! E eles ficavam ali, quietinhos, aqueles pintos educados.

O problema é que os pintos cresceram, obviamente.
E viraram dois frangos horríveis, de cor branca-amarelada, que fediam todo o terraço da minha casa (nessa época eles já se recusavam a tomar banho). E pra nós, eu e minha irmã, aqueles bichos medonhos nem de longe lembravam nossos pequenos e singelos pintinhos!

Até que um dia, voltando da escola, minha mãe nos deu a triste notícia de que Tutti e Arisco tinham fugido. “Eles saíram voando pela janela”, insistia a minha mãe. Não me lembro de ter chorado, mas a tristeza daquele dia eu recordo bem...
A nossa tristeza só diminuiu quando a minha mãe falou que, para compensar a perda dos bichinhos, ela tinha feito a nossa comida favorita: frango! E a gente aceitou feliz, comeu e lambeu os beiços!

Ai que saudade dos meus tempos de criança! A inocência ameniza tanto sofrimento...

(Só depois de muitos anos minha mãe teve coragem de dizer que naquele dia almoçamos o Tutti e o Arisco. Ela dizia que esperou o tempo necessário para que fôssemos maduros o suficiente para rir ao invés de chorar).

Um comentário:

Na Palma disse...

Pqp muito Foda!